Você já se pegou cantarolando uma propaganda que ouviu no rádio? Se isso aconteceu, então a marca responsável por esse jingle conseguiu chamar a sua atenção. Jingle é uma apresentação do produto ou serviço de forma musicalizada, com o objetivo de atrair visibilidade para uma marca. Com custo de produção baixo, o jingle é uma estratégia acessível para todo tipo de negócio. 

O professor universitário e presidente da Associação de Profissionais de Propaganda de Ribeirão Preto, Eduardo Soares, explica que o jingle é a comunicação que mistura informação e entretenimento. "Ao cantar uma música sobre sua marca, você leva ao consumidor, de uma maneira mais natural e menos forçada, uma mensagem, uma vantagem, algo que pode se conectar com ele, grudar na cabeça e gerar lembrança".  

Ideal para pequenas, médias e grandes marcas, a estratégia possui um baixo custo de produção. "O anunciante que pensa em produzir um jingle precisa ter em mente que a peça possui um grande poder de fixação da marca, mas também pode ser trabalhado como peça promocional, sendo muito versátil. Por isso, é recomendável para empresas de qualquer tamanho", esclarece Emílio Cicolani Júnior, Locutor e Auxiliar de Promoções e Eventos da Jovem Pan Ribeirão. 

Rádio 

Tradicionalmente, os jingles são veiculados no rádio. Isso porque o meio estabelece uma relação de proximidade com o ouvinte ao oferecê-lo a flexibilidade de realizar outra atividade enquanto o escuta. "O rádio acompanha o dia a dia do brasileiro. Além da credibilidade de informação, o carisma dos locutores cria um laço com o ouvinte. A mensagem do jingle será interpretada de forma mais natural se veiculada nesse ambiente", comenta Eduardo Soares. 

Eduardo Loja, produtor musical na Toka Produtora de Áudio, conta que o jingle é uma música e, por isso, quebra o mecanismo de defesa do ouvinte, trazendo à tona lembranças, sensações e sentimentos. "O jingle chega diretamente ao sentido auditivo, é impossível ao consumidor não receber a mensagem. Ao contrário de mensagens visuais que podem ser evitadas ao desviar os olhos".  

Contudo, para a estratégia ser efetiva e chamar a atenção, é preciso de criatividade. "O maior erro no rádio é fazer algo igual aos demais. A mensagem vai passar despercebida. A trilha tem que ser coerente com a mensagem, a voz tem que ser adequada ao público e o foco deve estar no objetivo principal da peça", afirma Eduardo Soares. 

Criação 

"O jingle precisa ser pensado inicialmente de acordo com o público-alvo que se quer atingir, para então elaborar letra e melodia que fale com esse público", diz Emílio Cicolani Júnior. Desse modo, levanta-se primeiro informações básicas como marca, estratégia, posicionamento, tipo de público, tipo de consumidor e faixa etária. Somente após essa etapa será criada a letra e a melodia.  

"Em seguida, entramos no processo de produção, quando gravamos todos os instrumentos, executados por músicos profissionais sob direção do produtor musical. Na sequência, temos as edições, a mixagem e a masterização da peça", explica Eduardo Loja. 

Emílio Cicolani Júnior ressalta que, apesar de não ser regra, o jingle tende a seguir os sucessos do mercado musical, inspirando-se em ritmos e estilos musicais em alta. "Construir peças sonoras que relembrem grandes clássicos também têm uma grande aceitação do público. Por exemplo, uma peça que lembre a música We Will Rock You da banda Queen, vai ser facilmente absorvida pelo público", afirma. "Jingle é música e música marca as emoções e fases da nossa vida. Portanto, para mim, jingle é vida". 

Para Eduardo Loja, produzir um jingle é uma forma de criar uma identidade para a marca. "Toda empresa tem sua identidade visual, sua logomarca. E toda empresa precisa também ter sua identidade sonora".

Sound branding 

Sound branding é a construção de uma identidade sonora de uma marca, ajudando-a a se comunicar. Para Zanna, CEO da Agência Zanna, especializada na criação de identidade sonora, o jingle faz parte da ideia do sound branding ao planejar seu objetivo, sua veiculação e o que pretende deixar marcado na memória do ouvinte. "O raciocínio do sound branding é criar uma identidade a partir de uma melodia para que a marca seja reconhecida e para que gere uma conexão afetiva com o ouvinte". 

Contudo, Zanna alerta para a importância de criar melodias que se relacionem com o ouvinte a longo prazo e que poderiam ser colocadas em uma playlist. "As pessoas estão cansadas de uma comunicação tão direta, que fale de preço. Elas querem se encantar, se relacionar com arte, com experiências. É preciso pensar em uma peça que envolva as pessoas e levem-nas a se relacionar com o produto", esclarece.  

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