De 08 a 16 de março, o mundo acompanhou, de perto ou de longe, as palestras e workshops da edição de 2024 do SXSW, festival de tecnologia, arte e economia criativa que acontece em Austin, nos Estados Unidos. O festival trouxe discussões importantes sobre inteligência artificial, humanidade, sustentabilidade e saúde mental. Confira um resumo do que foi destaque: 

Inteligência artificial (IA) 

Atualmente é quase impossível imaginar um evento sobre tecnologia que não debata a inteligência artificial e, portanto, esse tema esteve presente em diversas conversas ao longo da semana. Os participantes compartilharam suas preocupações em relação a vieses que a IA tem repetido de forma inconsciente, aprendendo de maneira errônea com problemas estruturais da sociedade e reagindo, assim, de maneira preconceituosa e até mesmo criminosa. É o caso quando mulheres pretas são confundidas por homens por reconhecimento facial ou quando esse sistema realiza acusações falsas de crime. 

Um painel formado por neurocientistas, pesquisadores e membros da academia abordou o conceito de consciência e buscou esclarecer se, afinal, a IA realmente tem o que chamamos de consciência. Para eles, a consciência seria a capacidade de experienciar coisas e realizar previsões a partir de sensações sensoriais. Assim, apesar da IA replicar a organização de um cérebro que computa e processa informações, não podemos dizer que ela é consciente, apenas inteligente. 

"Trabalho" também foi um dos assuntos abordados nas conversas sobre IA. Em resumo, a perspectiva foi positiva. As análises dos especialistas apontaram que o número de trabalhos que realmente serão substituídos pela IA é pequeno. Do contrário, a IA vem para agilizar as funções e abrir espaço para que outras atividades sejam realizadas pelos seres humanos, especialmente entre as gerações mais novas que já estão se acostumando com a presença da inteligência artificial em seu ambiente pessoal. 

Superciclo Tecnológico 

Esperada todo ano pelos participantes, a palestra da futurista Amy Webb introduziu o conceito de Superciclo Tecnológico. Ela explica que estamos vivendo um período de expansão de não apenas uma tecnologia, mas três, que juntas são capazes de transformar a economia e a maneira como vivemos: inteligência artificial, ecossistemas conectados das coisas e biotecnologia. Dessa forma, começa a ser desenvolvidos aparelhos com sensores que captam dados visuais e sensoriais humanos, e materiais biológicos e culturas 3D de células cerebrais humanas que reproduzem processamento de informação. 

Webb ainda analisa que atualmente os líderes das empresas estão usando IA com base no gatilho do FOMO, o famoso medo de estar por fora de alguma novidade. Ela vai além e cria um novo termo para explicar esse comportamento: Fud (Fear, uncertainty and doubt ou medo, incerteza e dúvida). 

O futuro é humano 

A ideia de um futuro humano pode parecer estranha a alguém que se apega a ideias cinematográficas de que os robôs vão dominar o mundo. Mas os especialistas presentes no SXSW argumentam que a IA está vindo com força para auxiliar o ser humano em seu dia a dia, deixando mais tempo livre para atividades de lazer. O próximo passo é desenvolver máquinas capazes de reproduzir a empatia humana, visando um impacto positivo ainda maior. Por exemplo, robôs humanoides já possuem força o suficiente para auxiliar idosos acamados e estão sendo trabalhados para oferecer abraços e ser um ponto de apoio emocional. 

Saúde mental e solidão 

E onde fica a saúde mental no meio de tanta coisa acontecendo e se transformando? As conversas do SXSW 2024 destacaram que o mundo vive atualmente uma epidemia da solidão, estimulada pela competitividade, violência, extremismo e individualismo. Para os palestrantes, o culpado é o excessivo tempo gasto com a internet. Para eles, é preciso valorizar momentos de entretenimento com as outras pessoas e buscar conhecer coisas novas mesmo sobre quem já se conhece há anos. São essas pequenas descobertas que geram conexão. 

Diante desse cenário, as marcas possuem o poder de ajudar as pessoas a alcançarem o bem-estar e se sentirem menos infelizes e sozinhas. Para isso, é preciso autenticidade, propósito bem definido e um time de funcionários que também se sintam bem. 

Sustentabilidade 

É fato que estamos vivenciando os efeitos da crise climática. Os paineis sobre o assunto chamaram a atenção para o fato de não estarmos agindo o bastante para combater essa crise. É missão das empresas se preocupar com sua emissão de carbono e com a reciclagem de materiais e é dever da publicidade e da indústria criativa colaborar com a divulgação de práticas sustentáveis e com a transformação de nossas atitudes. 

Confira mais no artigo que Douglas Miquelof escreveu para o BREAK: 

SXSW 2024: humanos ao centro, superciclo tecnológico e olhar em 2050 

Outros insights: 

Dia do consumidor 2024: insights sobre o mercado varejista 

VAREJO: O que podemos aprender com a NRF 2024